Os israelenses têm uma reputação de ser um povo rude, abrasivo e sem limites. Para vocês terem uma ideia, em 2015, a empresa de tecnologia Intel apresentou a seus funcionários um guia para trabalhar com israelenses, que os alertava para “esperar serem cortados regularmente (enquanto falam)” e que “os visitantes geralmente ficam surpresos com o tom ou o volume da discussão”. Os israelenses são super casuais no código vestimenta e fala. Tendem a ser muito pessoais em seus comentários de abertura de diálogo, compartilhando coisas como quantos filhos eles têm.
Suas brigas são verbalmente violentas, mas nunca fisicamente. É uma cultura ligada a “argumentação”.
Os israelenses não respeitam os espaços físicos dos outros, não dão “um passo atrás” para conversar ou brigar com você. Eles simplesmente ficam quase em cima da gente.
São pessoas muito diretas, não hesitam em falar o que pensam e portanto não passam um ar de falsidade.
Estão quase sempre prontos a auxiliar pessoas estranhas em suas necessidades na rua, seja com carrinhos de bebês, seja com pessoas idosas.
Mas, não tem nenhuma SAVLANUT, palavra hebraica para PACIÊNCIA. Querem tudo rápido e pra ontem.
As pessoas, principalmente repórteres (os âncoras, inclusive), na TV, falam um em cima do outro (todos ao mesmo tempo).
Sim, vemos diferenças brutais em relação à personalidade do brasileiro: povo gentil e humilde, com bastante paciência, diga-se de passagem.
Parecem adorar (ou pelo menos respeitam) filas, o que o israelense nem sabe qual o significado da palavra.
O brasileiro não está muito acostumado a discussões em voz alta. Quando acontece sempre são tachadas de “barraco”, e a pessoa, uma “barraqueira” e não é visto com bons olhos. O brasileiro normalmente se ofende quando se fala “diretamente” o que se quer de verdade, até no trabalho, levando na maioria das vezes alguma ordem dada, para o lado pessoal. Não lidam bem com cobranças diretas e críticas.
Mas entendemos destas diferenças, que os brasileiros, por se chatearem facilmente com algo mais diretivo, e sempre tendo que pisar em ovos, nós (brasileiros), com nós mesmos (brasileiros), acabamos tendo que ser um pouco “falsos”, se tivermos que dizer o que realmente precisamos dos outros…
Confuso, não?!
Pois é, mesmo assim fica um pouco difícil a “inclusão social” do brasileiro em Israel. Quando vamos a uma festa nos arrumamos bastante. Gostávamos, nós mulheres, de fazer unhas, cabelo, maquiagem etc, o que aqui já é bem mais problemático, pois estes serviços são muito caros e também não encontramos um salão de beleza em cada esquina. Mas tudo bem, porque normalmente a israelense não está com vestido “de gala” e pode aparecer, às vezes, com o esmalte descascado…
E aqui o presente do casamento ou bar mitzvá é 100 dólares, “bidiuk” (exatamente), para ajudar a pagar a festa. E se você não levar o dinheiro nem pense em ir.
Bem, mas o que ajuda o olê chadash na adaptação, ou na vontade de se sentir incluído na cultura israelense, é o entendimento de que as formas deste pequeno povo ser, tem a ver com uma série de fatores, incluindo o fato de israel ser um país pequeno, com um passado socialista que enfatizava o igualitarismo, um senso de parentesco entre judeus chegando do mundo todo, como assim continua… e a cobrança difícil inculcada na cultura militar, com décadas de guerras, que nunca cessaram.
Em suma:
Os israelenses são diretos e francos, tendem a falar em vez de ouvir, ensinar em vez de aprender e pregar em vez de recomendar e contribuir.
Estamos todos neste modo de ataque agressivo. As pessoas dizem coisas e nós vamos na defesa.
Existe uma teoria de que, por causa da vida no Oriente Médio, nossa própria natureza está sempre lutando pela existência e segurando uma espada em uma mão, e isso encontra seu caminho em todas as avenidas de nossas vidas.
Pois é. Este é o preço a pagar pelo acolhimento na NOSSA “TERRA SANTA”.
Que tenhamos só SHALOM e boa sorte a todos os olim que se aventuram por aqui…
Artigo de Mary Kirschbaum
Publicado primeiramente por: revista Bras.Il
Data: 13 de setembro de 2022
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